quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Olhos Fugidios

Os olhos,
Fugitivos do desejo,
Escapam ao menor entreolhar.

Encurralados,
Num momento de desleixo,
Fecharam-se durante o beijo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Do Impulso à Repulsa



Do impulso à repulsa,
Do corpo que expulsa
A semente convulsa.

O lençol manchado,
De suor encharcado,
Irrefutável prova.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Deserto e Foz




Decerto o deserto do incerto,
Que entre nós surgiu,
Tornou-se foz quando a voz dela,
Tão bela, sorriu.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Prefiro morrer à míngua
Arriscando no diverso
Do que viver minha vida
Recitando o mesmo verso.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Moça na Janela

Moça na janela
Nunca vi coisa mais bela
Será que é a personificação da beleza
Ou a beleza que é personificação dela?

Animando o Inanimado

A prosopopéia dá vida
A quem carece dela.

Animar o inanimado
É chover no seco,
Nunca no molhado.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Humano Demais

Ao ver o corpo que pendia, a corda amarrada ao pescoço quebrado, o forasteiro, que acabara de chegar, perguntou:

- Que crime este homem cometeu?

Um velho que estava ao seu lado, de expressão dura, calmamente respondeu:

- Seu único crime foi ser humano demais.

domingo, 21 de agosto de 2011

O que restou de nós dois


As flores da cerejeira caíram
E o vento as levou para longe
Assim como o meu amor,
O amor que eu senti um dia por você.

Naquela tarde de inverno,
Minha mão, pálida e fria,
Agarrava-se a sua,
Na esperança de roubar-lhe o calor.

Eu fui uma criança,
Tão dependente de você,
E você, sempre tão dispersa,
Porém acolhedora,
Quem estará lá quando eu precisar?

Agora já não vejo mais
O seu rosto sorridente
Em meio aos meus sonhos,
Você não está mais em mim.

Pra onde foram os nossos sonhos?
Pra onde foram os nossos planos?

Você não passa de uma vaga lembrança,
Eu não passo de um rascunho de mim mesmo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Da Incerteza dos Sentimentos

Nos lábios
Que não visitei
Repousa o doce sabor
Que jamais provarei

Nos braços
Em que não me aconcheguei
Mora o calor
Que jamais sentirei

Quando meus olhos
Arredios
Cruzaram com os teus,
Senti um arrepio
E a dor da certeza
Que dos teus beijos,
Dos teus abraços,
Senhor jamais serei.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Contemplo
Com admiração,
Tanto quanto posso,
Os olhos mudos
Que não dizem nada.

O coração,
Inimigo da razão,
A este ninguém cala.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um intervalo sem fim
Entre você,
Em uma mesa qualquer,
Do outro lado do bar,
E mim.

Entre nós,
Uma tosca garrafa de gim.

sábado, 11 de junho de 2011

Haikai para o Dia dos Namorados





Folhas cadentes,
De rosa irão tingir,
Jovens amantes.

quinta-feira, 9 de junho de 2011




Palavras ditas em silêncio,
Nunca chegarão ao seu destino.
Palavras ditas ao pé do ouvido,
Tem destino certo rumo ao coração.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cortando a linha do tempo,
Logo ali,
Entre o antes e o depois,
No meio disso,
Nós dois.

terça-feira, 7 de junho de 2011


O homem é gado do homem.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

No peito

No peito
Um coração apertado,
Envolto em arame farpado,
Um emaranhado de dor
Embebido em sangue.

A Vida é Tempo




A vida é tempo,
Areia que escorre
Por entre os dedos

terça-feira, 19 de abril de 2011


Você alguma vez já se sentiu oco?

sábado, 26 de março de 2011

日本




Vendo a terra arrasada,
Cidades erradicadas,
Amaterasu chorou por seus filhos,
E sua luz brilhou mais uma vez no horizonte.

E então ergueu-se a bandeira,
Como o sol que nasce todas as manhãs
E todos souberam que,
Não importa quantas vezes caia,
O povo do sol nascente sempre levanta.