Onde está o diabo
Senão dentro de mim,
A cada soluço me engasgo
Por que diabos sou assim?
Vivo à margem
De minha própria existência
Minha mensagem, tão breve,
Carece de essência
Morro de véspera e sou servido
À mesa daqueles que me consomem
Sou projeto de homem
Por que diabos sou assim?
Por vezes sou alheio
Ao mundo que me cerca
Mas do universo dentro de mim
Faço minha própria Meca
Vivo de felicidade deletéria
Se a pressão da vida se eleva
Meu sangue irrompe das artérias
E minha verdadeira essência se revela
Sou imperfeito, inacabado
Versão alfa, quando muito, beta
Um grito silenciado
Em meio a multidão desperta
Que espécie de humano sou
Senão gado do homem?
Ou sou apenas o que restou
Do rascunho que fui ontem?