quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Do Impulso à Repulsa



Do impulso à repulsa,
Do corpo que expulsa
A semente convulsa.

O lençol manchado,
De suor encharcado,
Irrefutável prova.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Deserto e Foz




Decerto o deserto do incerto,
Que entre nós surgiu,
Tornou-se foz quando a voz dela,
Tão bela, sorriu.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Prefiro morrer à míngua
Arriscando no diverso
Do que viver minha vida
Recitando o mesmo verso.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Moça na Janela

Moça na janela
Nunca vi coisa mais bela
Será que é a personificação da beleza
Ou a beleza que é personificação dela?

Animando o Inanimado

A prosopopéia dá vida
A quem carece dela.

Animar o inanimado
É chover no seco,
Nunca no molhado.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Humano Demais

Ao ver o corpo que pendia, a corda amarrada ao pescoço quebrado, o forasteiro, que acabara de chegar, perguntou:

- Que crime este homem cometeu?

Um velho que estava ao seu lado, de expressão dura, calmamente respondeu:

- Seu único crime foi ser humano demais.

domingo, 21 de agosto de 2011

O que restou de nós dois


As flores da cerejeira caíram
E o vento as levou para longe
Assim como o meu amor,
O amor que eu senti um dia por você.

Naquela tarde de inverno,
Minha mão, pálida e fria,
Agarrava-se a sua,
Na esperança de roubar-lhe o calor.

Eu fui uma criança,
Tão dependente de você,
E você, sempre tão dispersa,
Porém acolhedora,
Quem estará lá quando eu precisar?

Agora já não vejo mais
O seu rosto sorridente
Em meio aos meus sonhos,
Você não está mais em mim.

Pra onde foram os nossos sonhos?
Pra onde foram os nossos planos?

Você não passa de uma vaga lembrança,
Eu não passo de um rascunho de mim mesmo.